Aí você junta as duas coisas e percebe que, normalmente, a *elite* é quem compra e lê mais livros. É raro você ver alguém mais necessitado com livros. Livros são caros, nem todos tem acesso a esse meio, ou seja, mesmo quando querendo, uma parte da população fica sem. 

O conteúdo de qualidade, como um programa educativo ou um noticiário menos mascarado (isto é, podemos mesmo acreditar em tudo que vemos na TV?) é programação de canais da rede fechada. Ou até passam na TV aberta, mas em horários pouco acessível. Uma vez, um professor meu nos condenou (eu e os meus colegas de turma) de ser a elite da sociedade. Eramos os privilegiados e nem percebíamos. Ele falou que, apesar de nem todos saberem ou se interessarem por política, ainda podíamos entrar em alguma discussão sobre o assunto. Podíamos também falar de inúmeros assuntos polêmicos com uma opinião formada, pois tínhamos acesso as noticias, acesso a um ensino de qualidade e uma vida relativamente encaminhada. 

Seguindo o raciocínio dele e tentando escrever o mesmo que ele disse: como podemos culpar o outro por ser ignorante, quando somos privilegiado de diversas formas? Eu estudo em uma dos melhores colégios da cidade, não preciso trabalhar para me sustentar, tenho acesso a computador e outras fontes de notícias. Como posso me comparar a outros adolescentes menos afortunados, que, além de estudarem, precisam trabalhar depois da escola para ajudar os pais? Usando um pedreiro como exemplo, meu professor nos fez a seguinte observação; o pedreiro acorda cedo para trabalhar pesado e volta para casa mais tarde ainda. Ele vai mesmo assistir o jornal para entender a situação atual do país ou vai assistir a novela que está passando na Globo? Ele vai ler um jornal, ou vai dormir para tentar recuperar as energias? Vai ficar indignado com a situação do nosso país ou vai tentar descansar antes de outro dia exaustivo?

Obvio que ainda há exceções, mas é a minoria.

Não podemos culpar alguém pela ignorância quando não sabemos as dificuldades. A ignorância é mais fácil e mais barata. Queremos que as pessoas tenham cultura, comam bem, assistam coisas decentes, mas os livros são caros, os cinemas também, a comida também. 

Meu professor de literatura publicou um livro recentemente. Ele comentou das dificuldades da publicação. Ele precisava registrar o livro no Governo, precisava ajeitar as coisas da publicação e da estreia e coisas do tipo. Velho, publicar livros é difícil, principalmente quando você é novo no ramo. Ele disse que gastou bem mais com a publicação do que ganhou.

Então, livros são caros para os que publicam (ao menos você seja um autor de renome, como John Green), para os que leem, e mais caro ainda para os que não leem (e dessa vez, eu não estou falando de dinheiro).